A imprensa desempenha um importante papel na divulgação de informações relacionadas à saúde. Muitas vezes, é por meio das reportagens de televisão, de rádio, de jornais impressos e mídias online, que o cidadão tem acesso às explicações sobre novos medicamentos e tecnologias para tratamento de doenças. Entretanto, a forma com que a reportagem é elaborada nem sempre contempla aspectos considerados fundamentais pelo meio científico. Na prática, muitas informações encontram-se incompletas, podendo distorcer a interpretação dos resultados da investigação, favorecendo ou desfavorecendo tratamentos experimentais e tecnologias que estão sendo testadas ou lançadas no mercado.

Dessa forma, é imprescindível uma avaliação da qualidade dessas notícias, na busca por conhecimento e confiabilidade. Como desenvolver, então, conteúdos para imprensa de forma a integrar os preceitos do bom jornalismo e o conhecimento científico? Como enfrentar um cenário tão adverso em que as informações podem estar sujeitas à manipulação, aos conflitos de interesse e à diminuição do número de profissionais das redações especializados em jornalismo científico? Afinal, o que está por trás de notícias envolvendo tecnologias em saúde? Como conciliar a rapidez na produção da matéria e o necessário rigor científico?

A imprensa em outros países também enfrenta estes mesmos desafios. A criação de alguns centros de ciência em mídia na Austrália, no Canadá e no Reino Unido possibilitou o desenvolvimento de ferramentas para avaliar as informações em saúde veiculadas pela mídia. Esta estratégia, conhecida como MEDIA DOCTOR, visa qualificar as informações em saúde divulgadas na mídia.

EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS

O MEDIA DOCTOR foi criado por pesquisadores da empresa pública responsável pela comunicação de saúde da Austrália, com apoio da Faculdade de Farmácia da Universidade de Newcastle. O objetivo era verificar como a imprensa trabalha assuntos relacionados à saúde.

Seguindo o projeto Australiano, outros países também desenvolveram projetos Media Doctor, dentre eles, Estados Unidos; Canadá; Alemanha; Japão, Reino Unido e Hong Kong. Apesar do pioneirismo da Austrália, o site encontra-se desatualizado, com registro de publicações até o início do ano de 2015. Situação similar foi identificada nos sites do Canadá e de Hong Kong.

Embora haja variabilidade nos critérios adotados pelos diversos países que mantêm o programa, os métodos utilizados e a forma de apresentação dos resultados são muito semelhantes, o que possibilita comparação internacional.