Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Foi apresentado um estudo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cujo objetivo era avaliar se o sofosbuvir, fármaco utilizado no tratamento da hepatite C, poderia ser eficaz também no tratamento da chikungunya. Se comprovada a eficácia do medicamento, este seria o primeiro produto para tratamento da doença.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Atualmente, o medicamento possui indicação de uso para tratamento da hepatite C. A partir dos novos estudos, espera-se que o sofosbuvir possa também ser utilizado para o tratamento da chikungunya. Não foram apresentados dados epidemiológicos sobre a doença.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Alegou-se que o benefício proporcionado pelo sofosbuvir seria inibir a replicação viral do vírus da chikungunya e, consequentemente, gerar uma redução de cerca de 80% na mortalidade devido à doença. De um modo geral, os benefícios apresentados são representativos no contexto clínico. Contudo, é importante ressaltar que o medicamento só foi testado em animais. Portanto, não há nenhuma certeza sobre os resultados em seres humanos.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do sofosbuvir ou de alternativas terapêuticas para o tratamento da chikungunya.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
Foi informado que o medicamento já está disponível no país, mas, atualmente, seu uso destina-se ao tratamento da hepatite C. Não foi discutido sobre o fornecimento do produto pelo SUS ou por planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foram apresentadas alternativas terapêuticas ao uso do sofosbuvir no tratamento da chikungunya. Consequentemente, não se discutiram as vantagens e desvantagens do novo tratamento em comparação com as abordagens terapêuticas existentes. Também não se discutiu como a nova intervenção se enquadraria no âmbito das alternativas terapêuticas já disponíveis.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os riscos decorrentes do uso do medicamento não foram citados, nem quantificados. Além disso, não foram abordados os efeitos secundários que poderiam ter impacto na vida dos pacientes.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações sobre a nova possibilidade de uso do medicamento foram obtidas por meio de entrevista com um pesquisador. Não foram utilizadas fontes independentes de informação nem identificados possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Não Satisfatória
Não houve sensacionalismo na linguagem utilizada, que apresentou as informações sobre o sofosbuvir de maneira coerente com as evidências científicas disponíveis sobre o medicamento.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Os dados apresentados não foram referenciados, não sendo possível identificar se há artigos científicos publicados contendo informações sobre a nova indicação do medicamento. Este medicamento já foi testado em animais, mas os estudos em humanos ainda não foram realizados. As limitações da evidência científica disponível sobre o sofosbuvir não foram discutidas.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: O título aponta para um novo uso de medicamento para hepatite C descoberto para tratar sintomas de chikungunya.

INTERTÍTULO: Mais completo, mostra que pesquisadores descobriram que a substância utilizada no tratamento de hepatite C pode acabar com as sequelas do chikungunya e febre amarela.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Notícia lançada pelo portal Fiocruz em 01/02/2019.

DEFINIÇÃO: A reportagem tem foco na descoberta feita por pesquisadores da Fiocruz de que o fármaco sofosbuvir pode combater dores musculares deixadas como sequelas em pacientes de chikungunya. Sem entrar em muitos detalhes sobre a ação da substância do organismo ou dados epidemiológicos da doença.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não há indicação de interesse comercial entre a redação e o medicamente utilizado nas pesquisa da Fiocruz.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Entrevistas com Ingrid Moraes, paciente de chikungunya; e Thiago Moreno, pesquisador da Fiocruz.

RECURSOS VISUAIS: Imagens dos entrevistados e da repórter e imagens de transição.

CONCLUSÃO: A reportagem mostra a descoberta dos pesquisadores da Fiocruz sem entrar em muitos detalhes, nem trazer informações adicionais às da nota lançada pela comunicação da fundação. Por tratar-se de uma doença que afetou milhões de pessoas nos últimos anos, mostra a importância da veiculação de informações deste tipo, porém, sempre é necessário dar atenção àquilo que é apresentado e trazer dados que comprovem tanto a eficácia e as indicações desse tratamento. Contudo, a reportagem ressalta que novos testes clínicos ainda serão realizados.

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