Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Apesar de o foco da reportagem ter sido quase que exclusivamente a história de vida do paciente, o título da matéria sugeria maior atenção a um novo medicamento usado no tratamento de linfomas não-Hodgkin: o nivolumabe. O novo medicamento pode proporcionar melhores desfechos em pacientes diagnosticados com câncer.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Não Satisfatória
A indicação de uso do nivolumabe não foi claramente descrita, nem houve apresentação de dados epidemiológicos sobre a doença.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Apenas relatou-se que o medicamento foi efetivo no caso do paciente Yago, mas não houve apresentação de dados gerais do benefício da terapia.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Satisfatória
Os custos da nova terapia foram apresentados: cerca de R$ 25 mil reais por dose, que deveria ser administrada a cada 15 dias. Foram relatados os custos de outras opções de tratamento do câncer utilizadas anteriormente para o tratamento do paciente em questão. Contudo, não foram apresentados os custos adicionais ao uso do nivolumabe.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Foi informado que o medicamento não estava registrado na Anvisa e, consequentemente, indisponível no mercado brasileiro, no momento do tratamento do paciente, em 2016. Contudo, não foi relatado se no período entre o tratamento e a veiculação da reportagem houve o registro do medicamento no Brasil. Não foi abordada a disponibilidade do produto pelo SUS ou pelos planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Só foram apresentadas as alternativas terapêuticas utilizadas no caso do paciente. Não se discutiram vantagens e desvantagens entre os tratamentos. Relatou-se que o nivolumabe age de maneira diferente dos demais tratamentos, ao aumentar a imunidade do paciente.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os únicos danos associados ao uso do medicamento mencionados foram aqueles que ocorreram com o paciente. Não houve quantificação dos riscos nem apresentação de efeitos secundários que poderiam ter impacto na vida de um usuário da nova tecnologia.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações foram obtidas por meio de entrevista com um paciente que usou a tecnologia. Não foram utilizadas fontes independentes de informação nem identificados os possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Não Satisfatória
Embora não haja sensacionalismo na linguagem utilizada, focou-se muito na experiência vivida pelo paciente, não sendo demonstradas muitas informações sobre o medicamento.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados de artigos científicos publicados nem mencionaram-se estudos que tenham sido realizados em seres humanos. Consequentemente, as limitações da evidência científica disponível sobre o medicamento não foram discutidas.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: Indica que a matéria será mais voltada para o paciente do que a tecnologia – a qual aqui é referida apenas como “nova droga”.

INTERTÍTULO: Assim como a manchete, foca no paciente “curado”.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Não identificamos.

DEFINIÇÃO: O texto é uma extensa narrativa da luta de Yago de Lima contra o câncer, desde os primeiros sintomas à remissão.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não foi identificado interesse comercial.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Yago de Lima, paciente em remissão.

RECURSOS VISUAIS: Fotos do paciente e do oncologista Daniel Tabak

CONCLUSÃO: A matéria, embora de certa forma inspiradora – afinal, a pauta é um garoto de 17 anos curado do câncer – pouco traz sobre a dita nova tecnologia além de uma breve e superficial diferenciação dos tratamentos anteriores. O foco é quase completo no paciente, e o quesito “inovação” se perde quando é revelado que Yago já havia entrado em remissão 3 anos antes da publicação da notícia, além de um fato não mencionado: a Anvisa aprovou o medicamento em 2016.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/03/1010-1024x685.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/03/1010-150x150.jpgTúlio SarmentoMedicamentosA sua notícia revisada por especialistas