As redações dos jornais já não são mais as mesmas. Há muito não se vê máquinas de escrever espalhadas pelas mesas e debates calorosos entre colegas jornalistas sobre determinados temas, a não ser sobre times de futebol, é claro! Hoje o que se vê são jornalistas cada vez mais jovens e mais cibernéticos que nunca! Tabletes espalhados, conversas pelo celular, rápidas consultas ao Google antes de começar a traçar a notícia. Na era da mídia online, tudo precisa ser rápido, da checagem das informações à publicação da reportagem. Vence quem “posta” primeiro!

A principal diferença em relação aos tempos áureos do rádio e do jornal impresso e da televisão está no deadline. Exatamente como o nome diz, está no tempo limite para a publicação da notícia. Com o advento da internet, as notícias são rapidamente publicadas e vão sendo corrigidas ou reformuladas conforme avançam as apurações dos fatos. E para ter tanta agilidade, como são os profissionais por trás dessa corrida desenfreada pela notícia? Quem é quem?

Hoje, grande parte das redações é formada por chefes experientes cercados de profissionais ainda inexperientes, com pouca vivência de rua e pouco conhecimento da história do país. É uma geração ligada nas manchetes, na leitura rápida dos jornais online e, muitas vezes, a leitura dos jornais impressos vai sendo colocada de lado, acreditem até pelos jornalistas!

O equilíbrio da redação está na parceria entre os chefes, diretores de jornalismo, editores chefes dos jornais e chefes de redação e os jornalistas mais jovens, que embora ainda “crus” trazem o entusiasmo e descobertas de um mundo novo que vem de descortinando ao longo dos últimos anos.

QUEM É QUEM NA REDAÇÃO?

Em uma redação de televisão, rádio, internet e jornal impresso ou revista, cada profissional desempenha uma função específica. A reportagem é uma espécie de agrupamento do resultado do trabalho de cada um desses profissionais. Imagine uma fábrica de automóveis. Cada operário desempenha um trabalho. Enquanto uns são responsáveis pela colocação da lataria do carro, outros têm a responsabilidade de cuidar de toda a parte mecânica e há os que preparam as peças que serão instaladas no veículo. A somatória de todos esses trabalhos resulta na fabricação de um veículo zero. E é mais ou menos assim que acontece na produção de uma reportagem.

Apurador – É o profissional da linha de frente. É talvez, o principal responsável pelo início da notícia, principalmente aquelas chamadas factuais, ou seja, da ordem do dia, o acontecimento. O apurador em qualquer veículo de comunicação fica cercado por uma série de aparelhos, um lugar que, em algumas redações, tem o nome de nave.

É um local onde ficam ligados, ao mesmo tempo, rádios em diferentes estações, televisões em vários canais de notícia e se não bastasse esse emaranhado de sons, ainda resta ao apurador telefonar, praticamente de hora em hora, para uma série de locais (polícia, bombeiros, hospitais) a fim de verificar se há alguma notícia de destaque. A notícia de destaque é chamada de situação que merece cobertura jornalística. Por exemplo, um grande acidente com vítimas numa rodovia federal ou um tiroteio numa rua da cidade em que pessoas foram atingidas por balas perdidas.

Produtor – Este é um dos profissionais mais importantes das redações. É ele quem pensa a matéria fria, quem “bota a cachola” para funcionar! Tem que estar “antenado” em tudo o que acontece na cidade, nas universidades. É o profissional da agenda. Ou seja, é a pessoa, dentro da redação, que possui uma boa relação com as fontes. Cabe ao produtor fazer a pauta, um documento com uma série de orientações para o repórter e para o editor. Para elaborar a pauta, o produtor define um assunto e consulta suas fontes que podem ser oficiais (assessoria de imprensa de governos, municípios, associações, federações, sindicatos) extraoficiais (fontes de consulta, população que denuncia algum determinado problema, por exemplo) e usa recursos como pesquisas, dados recentemente divulgados (como as informações de uma pesquisa do IBGE).

A pauta pronta, com todas as apurações previamente feitas pelo produtor, é entregue ao repórter que precisa seguir as determinações da pauta como marcações de entrevistas com as fontes. Vale destacar, também, que cabe muitas vezes ao produtor, principalmente de televisão, a função de risco da câmera escondida, em que ele desempenha um determinado papel (em geral passando-se por qualquer pessoa que não seja ele mesmo, um jornalista) a fim de obter informações e flagrantes. Para isso, muitas redações seguem algumas orientações para que o trabalho possa ser feito de forma ética e até mesmo com respaldo jurídico.

Repórter – Uma das melhores definições de repórter vem de um dos maiores profissionais dessa área. Zuenir Ventura certa vez disse: “lugar de repórter é na rua, costuma-se dizer na redação, mas, para sê-lo de fato é preciso mais, é preciso saber ver”. E é exatamente assim que precisa ser um repórter, ou que se espera dele. Ao receber a pauta do produtor ou diretamente do apurador (quando o fato é a notícia do dia), o repórter precisa saber enxergar a informação. Precisa confirmar, mais uma vez, na rua, aquilo que foi apurado previamente na redação. Muitas vezes, o bom repórter vira a pauta, que é quando ele descobre algo novo durante a execução da reportagem. Algo tão bom e surpreendente que a matéria cresce. Isso pode ser obtido no momento da entrevista com uma das fontes, por exemplo, pois só nesse contato mais íntimo (de olho no olho entre repórter e fonte) o entrevistado acaba revelando algo importante, reforçando ou não o foco da matéria. O repórter que vê – enxerga uma série de detalhes importantes que passam despercebidos pela maioria das pessoas – o repórter é capaz de dar voz à população.

Fotógrafo – É um profissional que, geralmente, trabalha sozinho. Na cobertura dos grandes eventos e nos factuais é acompanhado do repórter. Nos grandes jornais impressos e revistas, a entrevista é feita por telefone ou pessoalmente pelo repórter e o entrevistado algumas horas depois recebe o fotógrafo para fazer as fotos. Normalmente, o fotógrafo sai da redação com várias pautas diferentes contendo os nomes e endereços dos entrevistados para onde precisam fazer as fotografias. Ainda na pauta, ele recebe a indicação para fazer fotos gerais de determinados espaços e situações que serão importantes para ilustrar a matéria seja ela publicada em jornal impresso ou revista.

Editor de texto – É tido, muitas vezes, como o carrasco dos repórteres e produtores porque não pode deixar nada errado passar. É dele a função de verificar, checar, questionar e lapidar o que já foi feito pelos outros profissionais. O editor fica na redação, mas está a todo tempo em contato com o repórter. Ele orienta e ajuda na construção do texto.

Diagramador – São os profissionais que vão dar a cor e o formato à matéria. Na televisão o editor de imagem, na maioria das vezes em parceria com o editor de texto, estrutura tudo o que foi gravado pelo repórter. Na ilha de edição, ele seleciona as imagens, trilhas sonoras e muitas vezes faz a arte (tópicos que destacam determinadas informações, como a demonstração de um mapa ou gráfico, quando é necessário de uma reportagem). Enfim, a dupla precisa ter sintonia para que o trabalho seja bem finalizado. No jornal impresso é o diagramador quem dá “cara” à matéria. Ele estrutura a página, o tipo de letra (muitas vezes segue um padrão do jornal), seleciona fotos e estrutura o texto dando destaque aos infográficos e o que nas redações de impresso são chamados olhos (frases de destaque com aspas).