Pesquisadores da Faculdade de Farmácia da UFMG definiram critérios para avaliar as reportagens publicadas na imprensa brasileira relacionadas aos novos medicamentos, tecnologias e aos procedimentos em saúde. Coordenado pelo professor Augusto Guerra, do Departamento de Farmácia Social, o projeto de pesquisa financiado pelo Ministério da Saúde adota a metodologia Media Doctor, implantada na Austrália e em países como Estados Unidos, Canadá e Japão.

A análise das reportagens é feita por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de saúde (farmacêuticos, médicos e dentistas) do Centro Colaborador do SUS para Avaliação de Tecnologias e Excelência em Saúde (CCATES/UFMG) da Faculdade de Farmácia e por uma jornalista com experiência em reportagens nacionais em saúde. No processo de avaliação das matérias, a equipe segue critérios pré-definidos, para identificar se o texto aborda de forma clara e objetiva os seguintes aspectos: novidade tecnológica, indicação, segurança, custo, alternativas, disponibilidade da intervenção ou produto, quantificação de benefícios e de riscos e independência da informação.

A partir de questionamentos feitos para cada um desses critérios é possível se chegar a uma pontuação, que é convertida em estrelas atribuídas à reportagem. Essa avaliação segue o mesmo entendimento dado ao MEDIA DOCTOR em outros países. O material jornalístico impresso ou online que alcança cinco estrelas cumpre, portanto, pontuação máxima em todos os quesitos avaliados. A experiência internacional tem mostrado que menos de 10% das matérias alcançam “cinco estrelas” e uma das principais preocupações é a manipulação da indústria sobre as notícias, que cria e dissemina conceitos com a intenção de provocar a demanda por consumo.

O MEDIA DOCTOR, ao monitorar e avaliar as matérias jornalísticas em saúde, busca identificar informações importantes que não foram apresentadas ou que foram expostas de maneira unilateral, ou seja, contemplando apenas a visão do fabricante ou fornecedor da tecnologia. Espera-se que esse monitoramento das informações possa, em longo prazo, melhorar a qualidade dos conteúdos em saúde publicados pela imprensa brasileira.