Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Trata-se de um medicamento inédito para tratamento da enxaqueca, aprovado pela Anvisa, o erenumabe. Este é o primeiro medicamento biológico destinado à prevenção das crises da doença. A enxaqueca é um tipo de dor de cabeça incapacitante, em que episódios recorrentes de cefaleia de forte intensidade acometem o indivíduo.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
As indicações foram claramente descritas, sendo o medicamento recomendado para pessoas que possuem diagnóstico de enxaqueca. Na matéria foram apresentados dados epidemiológicos, indicando que a enxaqueca é a terceira doença mais comum no mundo, atingindo uma em cada sete pessoas, o que representa no Brasil cerca de 30 milhões de pessoas acometidas.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Os benefícios foram apresentados de forma clara. Segundo os estudos realizados antes do lançamento do medicamento, o erenumabe reduziu pela metade as crises de enxaqueca. Na matéria, utilizou-se o desfecho normalmente utilizado pela literatura científica, que é a redução das crises da enxaqueca. Os benefícios foram apresentados de forma isenta, sem exaltar dados pouco representativos.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Relatou-se que a dose mensal do medicamento, nos EUA, custa o equivalente a pouco mais de R$ 2.000. No entanto, não foi comparado o custo do novo procedimento com as alternativas existentes. Além disso, não mencionaram-se os custos adicionais inerentes à utilização da intervenção.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Foi informado que o medicamento foi aprovado pela Anvisa. No entanto, não foi abordado sobre o possível financiamento da intervenção pelo SUS. Não se abordou também o fornecimento por planos de saúde privados.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Relatou-se a existência de alternativas à intervenção; porém, todos os tratamentos contra a enxaqueca disponíveis no mercado agem indiretamente no tratamento da dor. A vantagem da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes relaciona-se com o fato de o novo medicamento agir diretamente sobre uma substância importante no ciclo da enxaqueca. Não se discutiu como a nova intervenção se enquadra no âmbito das alternativas existentes já disponibilizadas para o tratamento da doença.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Satisfatória
A dor no local da aplicação da injeção foi o único dano potencial descrito para o novo tratamento. Os demais potenciais danos não foram quantificados. Não foram apresentados os efeitos secundários que poderiam ter um impacto significativo sobre a vida de um usuário da tecnologia.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Satisfatória
As fontes de informação referentes ao estudo foram mencionadas. Não foi identificado conflito de interesses na construção do texto.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara e objetiva. Houve coerência entre o foco da matéria e as evidências apresentadas.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados dos estudos científicos publicados, nem informadas as referências bibliográficas utilizada para a construção da matéria. Os estudos foram realizados em humanos, mas o tamanho da amostra e o tempo de estudo não foram descritos. As limitações do tratamento não foram discutidas.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: A notícia traz uma informação oficial, embora o uso do “inédito” diz mais respeito ao mercado brasileiro.

INTERTÍTULO: O intertítulo apresenta o nome do medicamento e para que serve, e ainda traz a informação de que com a aprovação ele deve estar no mercado em poucos meses.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Nota no Diário Oficial da União no dia 25/03/2019.

DEFINIÇÃO: A matéria mostra um único medicamento destina a tratar crises de enxaqueca. Não há indicação de fontes, nem entrevistas com autoridades que atestem a eficácia do medicamento, embora ele esteja disponível em diversos países. Também não traz estudos que comprovem a eficácia do Pasurta no tratamento de enxaqueca.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Embora não haja indicações claras, a matéria discorre sobre um único medicamento, de uma única empresa.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Bula do medicamento Pasurta disponibilizado pela Norvatis.

RECURSOS VISUAIS: Fotografia de banco de imagens de pessoa segurando bolsa de gelo na cabeça.

CONCLUSÃO: Ao longo da reportagem são discutidas as vantagens que esse novo medicamento tem frente a uma doença que já se tornou problema para órgãos de saúde e muitas vezes afetam a economia. Contudo, só são apresentadas as vantagens, sem qualquer menção a alternativas para tratar enxaqueca, a não ser uma pequena nota de fim de matéria. Não há fontes para confirmar o que é descrito sobre essa terapia.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/idoso3.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/idoso3.jpgLucas TôrresMedicamentosA sua notícia revisada por especialistas