Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Trata-se de um novo tratamento, produzido a partir do extrato da casca do maracujá, para ser utilizado no controle da hipertensão arterial.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Inicialmente o produto estaria indicado para o tratamento de hipertensão arterial. Os dados sobre a ocorrência desta doença não foram apresentados na reportagem. No entanto, é importante ressaltar que a hipertensão é um problema de saúde de grande impacto no Brasil e no mundo.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Embora tenha sido discutida a possibilidade de redução dos níveis pressóricos como um dos possíveis benefícios da utilização do novo produto, a maneira com que essas informações foram apresentadas não é a ideal: seria interessante informar em quantos mmHg (milímetros de mercúrio) o extrato do maracujá seria capaz de reduzir nos níveis pressóricos dos pacientes ou o ou o percentual desta redução.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os prováveis custos do novo produto ou das alternativas atualmente disponíveis para o tratamento de hipertensão arterial não foram abordados.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Informações sobre o registro do produto na Anvisa não foram mencionadas, embora seja relatado que extratos da casca de maracujá são vendidos em lojas de produtos naturais. Também não se detalhou sobre seu possível fornecimento pelo SUS ou por planos de saúde privados. Todavia, é fundamental lembrar que o produto ainda está em fase de estudos e, portanto, não disponível para comercialização.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Embora existam diversas alternativas para o tratamento da hipertensão arterial, nenhuma delas foi citada na reportagem. Também não se apresentou nenhum detalhe a respeito das vantagens ou desvantagens do produto à base da casca de maracujá frente aos tratamentos farmacológicos atualmente disponíveis.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Relatou-se que, na fase de estudos em ratos, foi avaliada a segurança e os resultados foram positivos, não sendo encontradas alterações em órgãos, nem nos padrões bioquímicos e hematológicos. Não foram mencionados os efeitos secundários de menor impacto que a utilização do novo produto pode causar. Como os estudos estão em andamento, não há certeza que a utilização do mesmo não oferecerá riscos aos pacientes.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações sobre o produto à base do extrato da casca de maracujá foram obtidas diretamente com os pesquisadores. Não foram utilizadas fontes independentes de informação, nem foram identificados os possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Não houve sensacionalismo na linguagem adotada, que forneceu as informações de maneira coerente com os dados disponíveis sobre a nova terapia.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentadas informações sobre a publicação de artigos científicos avaliando o extrato à base de casca de maracujá. Os estudos, até o momento, foram realizados apenas em animais e compõem o doutorado de uma estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. As limitações da evidência disponível não foram discutidas adequadamente.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: O título apresenta corretamente o que é descrito em matéria: uma pesquisa na UFRN está realizando teste com composto da casca do maracujá para tratar hipertensão.

INTERTÍTULO: O intertítulo complementa o título trazendo onde os testes são realizados e ainda faz uma chamada para voluntários.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Notícia lançada pela Agecom da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no dia 20/08/2019.

DEFINIÇÃO: A matéria apresenta o novo fármaco desenvolvido pela pesquisadora Bárbara Cabral, sob orientação da professora Silvana Zuccolotto, descrevendo as indicações do medicamento e como o composto foi obtido. Além disso, realiza uma chamada, convidando pessoas a participarem dos testes do novo medicamento.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Apesar de ser praticamente uma reprodução da notícia lançada pela Comunicação da UFRN e funcionar como uma chamada para os testes clínicos, não há indicação de interesse comercial entre o veículo e a substância descoberta.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Agecom UFRN e entrevistas dadas à ela pela Dr. Silvana Zucolotto e a doutoranda Bárbara Cabral.

RECURSOS VISUAIS: Fotografias das pesquisadoras envolvidas no projeto e do fármaco produzido por elas.

CONCLUSÃO: A matéria, apesar de ter uma descrição muito parecida a da matéria lançada pela Agecom UFRN, traz algumas informações a mais e tem a função de difundir a um público maior um convite: participar dos testes com esse novo composto à base de maracujá. A reportagem traz o desenvolvimento da pesquisa realizada na Faculdade de Farmácia da UFRN e conta como as pesquisadoras chegaram ao composto. Apesar de não mostrar os estudos, nem dados sobre a hipertensão no Brasil, ela cumpre um papel de veiculação de informações para um grande público, atraindo os interesses daqueles que buscam novos medicamentos para tratar a pressão alta, e também auxilia pesquisadores brasileiros.

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