Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Foi apresentada a escetamina, um novo medicamento para tratamento da depressão que supostamente possui \”ação ultrarrápida e boa tolerância\”. Representa uma novidade terapêutica, sendo administrado por meio da inalação de um spray.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Mencionou-se o uso do medicamento em um contexto em que o paciente apresenta depressão e não responde positivamente às terapias tradicionais. Foram apresentados os dados epidemiológicos da doença no Brasil e no mundo.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Um dos benefícios atribuídos à nova terapia é sua capacidade de ação ultrarrápida – o paciente pode começar a responder ao tratamento em até 24 horas. Contudo, dados da eficácia do produto não foram mencionados na reportagem. Este seria um parâmetro fundamental para discutir o uso e a importância de uma nova tecnologia em saúde.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os custos da nova tecnologia não foram citados, bem como os de suas alternativas terapêuticas. Custos adicionais de seu uso também não foram mencionados.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
Foi relatado que, até o momento em que a reportagem foi veiculada, o medicamento ainda não estava disponível no mercado brasileiro, embora já estivesse sob análise da Anvisa. Não houve nenhuma menção à eventual disponibilização do medicamento no SUS ou seu possível fornecimento pelos planos de saúde privados.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Foi relatado que existem alternativas para o tratamento da depressão, mas estas opções não foram diretamente discutidas. Uma vantagem atribuída ao novo medicamento é o tempo de início de ação, que pode ser já nas primeiras 24 horas, enquanto as demais opções podem levar duas ou três semanas até que se perceba os benefícios da terapia.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os riscos decorrentes do uso do novo spray nasal não foram citados, nem quantificados. Também não foram apresentados efeitos secundários que poderiam ter impacto na vida dos pacientes.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações foram obtidas por meio de entrevistas com especialistas. Não foram identificados possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Não houve sensacionalismo na linguagem adotada, que apresentou os benefícios de maneira coerente.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Os dados apresentados sobre a nova tecnologia não foram referenciados ou relacionados a artigos científicos publicados. Também não foi abordada a realização de estudos em humanos, com o novo tratamento. As limitações da evidência científica disponível a respeito da nova tecnologia não foram discutidas.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: O título é condizente com o texto da matéria, trazendo a questão dos casos de depressão que não se curam por medicamentos.

INTERTÍTULO: Completa o título trazendo dados sobre depressão resistente.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Nota divulgada pela farmacêutica Janssen sobre a escetamina em spray, que vinha circulando na mídia nacional e internacional.

DEFINIÇÃO: A reportagem aborda os problemas de depressão no Brasil e no mundo, trazendo a problemática das ações medicamentosas e casos de resistência aos fármacos. Com isso, ela discorre por uma série de tratamento alternativos as terapias farmacológicas, além de trazer dados sobre a depressão no mundo. Ao final ela apresenta essa novo formato de ministrar a escetamina, que, dizem as fontes, tem uma ação rápida e segura.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não foi identificado.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Entrevistas com Wagner Gattaz – coordenador do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP; Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL).

RECURSOS VISUAIS: Fotografia de cartela de comprimidos com dois comprimidos sobrando.

CONCLUSÃO: A reportagem é bem completa e passa pelos assuntos abordados com detalhes – desde a apresentação dos dados sobre depressão no país e no resto do mundo, as diferentes terapias utilizadas no último século e suas evoluções, até chegar ao novo fármaco. Ela traz fontes pertinentes ao assunto, para assim tornar melhor a explicação sobre casos de depressão e as diversas terapias presentes no universo da medicina. Porém, peca ao final, por apresentar o medicamento que provocou a notícia sem entrar em detalhes sobre os efeitos colaterais que ele pode trazer.

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