Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Discutiu-se a recente aprovação nos Estados Unidos do Vyleesi, medicamento bremelanotida, apelidado de \”viagra feminino\”, que é comercializado na forma de injeção. A proposta do novo medicamento é aumentar o desejo sexual em mulheres que apresentam baixa libido.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A indicação do novo medicamento foi claramente descrita – tratamento da síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH) em mulheres que estejam vivenciando a pré-menopausa. Foram apresentados dados da prevalência desta condição clinica na população feminina, sem ressaltar dados específicos do Brasil.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
O principal benefício associado ao uso do Vyleesi é a rápida recuperação da libido. Contudo, não foi apresentado o percentual de pessoas que obtiveram sucesso com o tratamento, dados muito utilizados na literatura científica ao discutir um novo tratamento e seu benefício real para a vida das mulheres com DSH.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados custos do bremelanotida, nem de nenhuma alternativa terapêutica para o tratamento da DSH.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foi informado se o produto está registrado na Anvisa e disponível no mercado brasileiro. Também não foram apresentados detalhes sobre o possível fornecimento do medicamento pelo SUS ou por planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Foram relatadas algumas alternativas ao Vyleesi – por exemplo, a flibanserina e o tratamento psicológico. Relatou-se que uma das grandes vantagens do Vyleesi seria a possibilidade de uso do medicamento somente alguns minutos antes da relação sexual, diferentemente da flibanserina, que requer uso contínuo. Além disso, alegou-se que o novo produto pode ser utilizado mesmo que a paciente tenha ingerido álcool. Relatou-se ainda que a nova terapia não se enquadra como escolha de primeira linha no tratamento da DSH e que o acompanhamento psicológico conjunto é necessário.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Satisfatória
Os riscos associados ao uso da bremelanotida foram: surgimento de náusea, relatado em 40% dos pacientes, e escurecimento de partes da pele e das gengivas. Destacou-se ainda que mulheres com problemas cardíacos e pressão alta não devem utilizar o medicamento. Não foram apresentados efeitos secundários que poderiam ter impacto na vida dos usuários da tecnologia.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
Várias informações apresentadas sobre o medicamento não foram adequadamente referenciadas. Também não foram utilizadas fontes independentes de informação ou identificados os possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Não Satisfatória
As informações sobre a nova tecnologia foram apresentadas de maneira relativamente coerente com as evidências disponíveis sobre o produto. Contudo, houve certo grau de sensacionalismo ao relatar que a \”novo viagra feminino\” foi aprovado.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foi possível identificar se os dados apresentados foram obtidos a partir de artigos científicos publicados. Embora seja possível inferir que o estudo citado foi realizado em humanos, não foram apresentadas as informações necessárias, tais como o número de participantes ou o tempo de acompanhamento. Não foram discutidas as limitações das evidências cientificas apresentadas.
Olhar Jornalístico

TÍTULO: O título aponta para o fato da aprovação de uma novo medicamento pela FDA.

INTERTÍTULO: Intertítulo complementa o título mostrando o nome do fármaco e qual sua ação.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Nota lançada por Madeleine Armstrong no site Evaluate e reportagens do jornal Washington Post e da BBC News – sendo que esta circulou em diversas mídias brasileiras.

DEFINIÇÃO: A matéria é uma explicação dos efeitos e ações deste novo medicamento aprovado pela FDA – EUA, uma espécie de estimulante sexual para mulheres, bremelanotide, comercialmente chamado de Vyleesi. Além de informações de indicações e contraindicações do medicamento, a matéria discorre sobre a síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH) e a problemática de tomar medicamentos para tratar problemas que muitas vezes têm origens psicológicas.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não há indicação clara de interesse comercial por parte da redação, apesar do nome comercial do medicamento aparecer várias vezes, assim como o nome da empresa desenvolvedora, bem como uma das entrevistadas ser da empresa.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Bula do Vyleesi disponibilizada pela AMAG Pharmaceuticals, entrevistas Julie Krop, médica da AMAG ao jornal The New York Times e entrevista com Nicole Cirino, pesquisadora da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, dada à CNN.

RECURSOS VISUAIS: Fotografia de banco de imagens de mulher tomando cápsula de medicamento.

CONCLUSÃO: A reportagem trata de um assunto que ganhou bastante importância na mídia quando o fármaco bremelanotide teve sua aprovação pela Foods and Drugs Administration, a agência reguladora dos Estados Unidos. Apesar de trazer essa novidade farmacológica para o público, ela também levanta questões sobre a sexualidade feminina, a libido e fatores psicológicos envolvendo a perda de desejo sexual pré-menopausa, chamada em matéria de DSH (síndrome do desejo sexual hipoativo). Com isso, a matéria aponta que problemas que envolvem o desejo sexual, tanto feminino quanto masculino, não devem ser tratados em primeira linha com a utilização de medicamentos, mas, sim, juntamente do acompanhamento médico e psicológico. A matéria, portanto, se mostra completa para um público interessado não somente na novidade farmacêutica, mas também na resolução de problemas que envolvem a vida sexual.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/03/1010-1024x685.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/03/1010-150x150.jpgTúlio SarmentoMedicamentosA sua notícia revisada por especialistas