Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
A matéria veiculada pelo jornal Folha de São Paulo apresenta uma nova alternativa para tratamento de tuberculose em crianças. Não se trata de um novo fármaco e sim de uma nova apresentação que reúne em um só comprimido os fármacos que já eram utilizados separadamente.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Foi informado, de maneira clara, que o novo medicamento se destina ao tratamento de tuberculose em crianças. No entanto, não foi especificado se todos os pacientes pediátricos poderão se beneficiar do tratamento ou se este se destinaria a algum grupo específico. Dados a respeito da ocorrência da doença no Brasil, em 2018, foram apresentados, justificando a importância do tratamento da tuberculose em crianças.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Dados sobre os benefícios do novo medicamento não foram apresentados. Afirmou-se que a eficácia do medicamento com dose combinada não é inferior ao esquema atual de tratamento, embasado pela Conitec – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os custos diretos e indiretos, tanto da terapia combinada quando do esquema terapêutico atual de tratamento, não foram discutidos.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
A reportagem não informou se o novo medicamento já está registrado na Anvisa e se poderá ser comercializado no país. Relatou-se que a nova terapia só deverá ser disponibilizada no SUS a partir de 2020. Também não se abordou a possibilidade de fornecimento do medicamento pelos planos de saúde privados.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
A existência de tratamento alternativo, com o uso dos medicamentos separadamente, foi abordada como a alternativa adotada para o tratamento de tuberculose em pacientes pediátricos. Das vantagens de se utilizar um único comprimido que combine as terapias, destacaram-se a redução de erros de dosagem e melhora na adesão ao tratamento.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos ou danos decorrentes do uso da terapia combinada não foram abordados. Não se discutiu se o uso do comprimido único, contendo a combinação dos medicamentos, pode oferecer algum risco adicional ao paciente.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações apresentadas foram obtidas por meio de entrevista com o Ministro da Saúde e diretor da Conitec. Não foram identificados possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Houve coerência entre o foco da matéria e as evidências da tecnologia. A linguagem adotada foi clara e objetiva.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
As referências utilizadas para elaboração da matéria não foram citadas, não havendo menção a artigo científico publicado. No entanto, a matéria relatou que foram realizados estudos pela Conitec para avaliar a eficácia do tratamento, o que sugere a disponibilidade de um relatório avaliando este novo medicamento. As limitações das evidências científicas não foram discutidas.
Olhar Jornalístico

NOSSO RESUMO: No dia 9 de setembro de 2019, o Ministério da Saúde divulgou uma nota sobre a transformação no tratamento e combate à tuberculose, falando sobre a junção de três substâncias – rifampicina 75 mg + isoniazida 50 mg + pirazinamida 150 mg – numa cápsula única, sem mudar a eficácia do tratamento, mas com a finalidade de aumentar a adesão especialmente de pacientes mais jovens e mais velhos.
O Brasil tem alta incidência de tuberculose, sendo um dos 30 países com maior taxa da doença de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Apesar de representar 2% do total de casos da infecção, nos últimos anos casos de tuberculose vêm aumentando, por isso o novo tratamento foi desenvolvido e pensado nesse público. É uma tentativa de facilitar a adesão ao tratamento pela facilidade de tomar uma cápsula em vez de três comprimidos.
Estas novas cápsulas 3 em 1 chegam ao Sistema Único de Saúde, que disponibiliza a todos o tratamento contra a tuberculose, em 2020. Essa nova apresentação do tratamento segue as orientações da OMS, e já havia sido implementada para tratamento de adultos, mas com diferente fórmulas em um comprimido.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?: A tuberculose é uma doença letal, causada por uma micobactéria. Afeta diferentes idades, porém, crianças estão sob um maior risco por terem seu sistema imune em desenvolvimento, acabando por contrair outras formas de tuberculose como a miliar (disseminada) e a meningite tuberculosa.
Em 2014 foram registrados 67966 casos, em 2016, 66796, e 2018, 72788. Nota-se então uma variação pequena entre os números de casos registrados de tuberculose no país, mas, considerando os números absolutos, trata-se de uma alta taxa de incidência. Levando-se em conta uma população de 209 milhões de habitantes, isso representa uma incidência de 0,03 %. Porém, considerando dados do Ministério da Saúde, em 2017, 4.534 mortes foram causadas pela tuberculose. Isso representa uma letalidade de 6,52%.
Sabendo-se que tuberculose é uma doença que tem cura, e ainda mais, existe um método de prevenção (a vacina BCG) que é aplicada no recém-nascido, esta alta taxa representa uma falha no combate à doença.

TÍTULO: A manchete traz diretamente o conteúdo da matéria já explicando o fato que trouxe esta notícia, que é uma nova forma de tratamento para tuberculose que une os medicamentos necessários.

INTERTÍTULO: O intertítulo é curto e apresenta a data marcada para ocorrer a liberação do novo tratamento no SUS, que é apresentado no título.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Nota divulgada pelo próprio Ministério da Saúde em 9 de setembro de 2019.

DEFINIÇÃO: Com informações importantes que devem ser divulgadas, a reportagem tratou de trabalhar em cima delas, como a doença e os tratamentos, bem como as vantagens desse novo método de unir três medicamentos em uma dose fixa e combinada. Além disso, apresenta dados e informações de incidência e danos causados pela tuberculose desde 2015. Os custos do novo tratamento não são informados, apesar da redação ter entrado em contato com o MS.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não há identificação de interesse comercial nesta matéria, mostrando ser uma nota informativa de divulgação de saúde.

FONTES DE INFORMAÇÃO: página do Ministério da Saúde, página da Conitec, Denise Arakaki – coordenadora do Departamento de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

RECURSOS VISUAIS: Imagem genérica de capsulas de medicamento e texto verbal.

CONCLUSÃO: A matéria reproduz o informe lançado pelo Ministério da Saúde de maneira direta e clara, e acrescenta outras informações, como os casos de tuberculose no Brasil e os quadros da doença, além de trazer um autoridade torna a matéria mais completa. Outros pontos que faltaram, como custos ou os estudos, que poderiam vir por hiperlink, não chegam a interferir na informação passada.

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