Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Discutiu-se a possibilidade de uso dos fármacos nivolumabe e ipilinumabe para o tratamento de câncer de pulmão, um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil e que apresenta considerável letalidade.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Foi descrito que os dois fármacos podem ser utilizados para o tratamento de câncer de pulmão em pacientes que não apresentem mutações no EGFR – receptor do fator de crescimento epidérmico. Foram apresentados dados a respeito da ocorrência do câncer no Brasil, inclusive destacando potenciais fatores de risco como tabagismo e idade avançada.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Relatou-se que a utilização dos dois fármacos proporcionou \”(…) uma taxa de sobrevida de 7% em um período de dois anos em comparação com quimioterapia para esse tipo de câncer\”, mas não se descreveu quantos anos de sobrevida, em média, a nova terapia foi capaz de acrescentar à vida dos indivíduos. Este também seria um desfecho fundamental ao se discutir a eficácia do medicamento e é, por isso, frequentemente utilizado no meio científico. Sendo assim, alguns dados de maior representatividade ao contexto da doença não foram apresentados.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos de nenhum dos dois medicamentos, nem das alternativas de tratamento atualmente disponíveis no mercado.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foi apresentado nenhum dado sobre o registro desses medicamentos na Anvisa, nem de seu fornecimento pelo SUS ou pelos planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Foi detalhado de maneira superficial a possibilidade do tratamento de câncer de pulmão com quimioterapia. No entanto, não se forneceu muitos detalhes sobre esse tratamento nem sobre outras alternativas que estejam disponíveis. Alegou-se que os novos tratamentos teriam uma sobrevida, num período de 2 anos, até 7% maior que a quimioterapia, mas as desvantagens do nivolumabe e ipilimumabe não foram discutidas.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os riscos do uso dos novos medicamentos não foram citados, nem quantificados, sejam eles reais ou potenciais. Eventuais efeitos de menor impacto também não foram discutidos.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As informações sobre os medicamentos foram obtidas por meio de entrevistas com a própria pesquisadora. Entretanto, não foram utilizadas fontes independentes de informação, nem identificados os possíveis conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada não é sensacionalista e apresentou as informações de maneira coerente.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Satisfatória
Os dados foram retirados de um artigo científico publicado, que foi referenciado ao final da reportagem. O estudo, que contou com 1500 participantes, foi realizado em pacientes que estavam no estágio IV do câncer de pulmão, um número bem representativo de indivíduos. As eventuais limitações do estudo não foram apresentadas ou discutidas.
Olhar Jornalístico

NOSSO RESUMO: Em Barcelona, no final de semana de 5 e 6 de outubro de 2019, ocorreu um Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica, onde foi apresentado um estudo dizendo como a imunoterapia com os medicamentos nivolumab e ipilimumabe proporcionam “taxa de sobrevida de 7% em um período de dois anos em comparação com quimioterapia” para câncer de pulmão. O estudo divulgado no congresso envolveu cerca de 1500 voluntários com câncer de pulmão no estágio IV. Foi identificada uma mutação no gene receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) que promovia desenvolvimento desenfreado e descontrolado das células. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica que o câncer de pulmão está em segundo lugar entre os cânceres de maior prevalência no Brasil. Em 2018, a estimativa era de 31 mil casos, sendo 18.740 homens e 12.530 mulheres.O câncer de pulmão é o segundo mais frequente em homens e o quarto em mulheres, mas é considerado o segundo câncer mais letal do país, de acordo com dados do Inca (2018-2019).

PORQUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?: O câncer de pulmão é o terceiro tipo de câncer mais comum nas Américas, com 342.518 novos casos registrados em 2018 (OPAS). Foi, em 2017, o primeiro em letalidade para os casos em homens, com 16.137 óbitos, e o segundo em mulheres, com 11.792, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (2019). No mundo, foram registrados, em 2018, 2,09 milhões de casos e, destes 1,76 milhão evoluíram para morte. A Organização Mundial de Saúde também considera o câncer de pulmão um dos mais letais.

TÍTULO: O título funciona como \”clickbait\” – isca para cliques, em tradução livre – por não corresponder ao conteúdo da matéria.

INTERTÍTULO: Não tem intertítulo.

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Nota divulgada à imprensa pela ESMO (European Society for Medical Oncology)

DEFINIÇÃO: A matéria foi pautada pela nota lançada pela ESMO e traz as informações presentes na nota sobre os estudos realizados por Solange Peters envolvendo nivolumab e ipilimumabe. Apesar das indicações e dos benefícios serem apresentados na notícia, falta clareza. São apresentados dados que não se encaixam com o contexto onde foram apresentados. A informação foi apresentada superficialmente e foco foi desviado para as condições do câncer e sintomas.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não há interesse comercial

FONTES DE INFORMAÇÃO: Nota da Esmo com entrevista a oncologista Solange Peters e dados do Instituto Nacional do Câncer.

RECURSOS VISUAIS: Somente uma imagem de banco de imagens sem função informativa para a matéria.

CONCLUSÃO: A notícia lançada apresenta uma novidade nas discussões sobre o tratamento do câncer de pulmão, principalmente para estágios avançados, como nos estudos apresentados na matéria. Porém, não há qualquer prospecção dessas descobertas chegarem ao mercado brasileiro e serem aplicadas em hospitais de referência no Brasil. Os custos dos tratamentos, mesmo das terapias já feitas no país, não estão presentes, informação importante a se apresentar ao público em matérias do tipo.

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