NOSSO RESUMO

A matéria publicada no Estado de Minas apresenta a aprovação da Clozapina, um medicamento antipsicótico, para tratamento de pacientes com doença de Parkinson, por meio do SUS. O medicamento já é disponibilizado pelo SUS para outros agravos, tais como esquizofrenia e transtorno bipolar. Portanto, trata-se apenas de uma nova indicação de uso de um medicamento já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O medicamento será utilizado para combater psicoses associadas à doença. Não foram relatadas alternativas à clozapina para pacientes com doença de Parkinson. A matéria também não discutiu as vantagens e desvantagens do uso da clozapina em relação a outras alternativas existentes no mercado e os potenciais riscos/danos do medicamento, tais como possíveis reações adversas. Além disso, não foram apresentados estudos científicos publicados sobre a utilização da clozapina em pacientes com Parkinson, apesar de se ressaltar a recomendação do Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido (NICE).

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A doença de Parkinson é neurodegenerativa e causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. A doença é decorrente da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem a dopamina, substância responsável pela condução nervosa (neurotransmissão) do corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente, provocando os sintomas anteriormente descritos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a
doença acomete 1% da população mundial com idade superior a 65 anos. No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas sofram com essa doença. Além dos problemas motores mais conhecidos, várias manifestações não motoras podem surgir à medida que a doença progride, inclusive sintomas psicóticos.
Apesar de ainda não ter cura, o Parkinson pode e deve ser tratado, não apenas para combater os sintomas, mas também para retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Não se trata de um novo medicamento, mas sim de uma nova indicação de uso da Clozapina, medicamento já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a matéria, a clozapina passou a ser fornecida pelo SUS para pacientes com transtornos psicóticos associados ao Parkinson.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A nova indicacao do medicamento Clozapina, no combate a psicoses associadas ao Parkinson, está claramente descrita. Além disso, foram apresentados dados nacionais e internacionais que destacaram a importância epidemiológica da doença de Parkinson.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Os potenciais benefícios do medicamento foram apresentados de forma parcial. A matéria descreveu os benefícios relacionados à melhora da qualidade de vida do paciente e dos familiares e destacou que o medicamento pode contribuir para a diminuição dos quadros de psicose. Além disto, foi ressaltada a recomendação de uso deste medicamento pelo Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido (NICE), em uma diretriz clínica.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Satisfatória
Foram apresentados os custos para garantir a disponibilização do medicamento pelo SUS. No entanto, a matéria não discutiu outros custos adicionais e não comparou o custo dessa alternativa a outras existentes no mercado.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
A disponibilidade do medicamento no Brasil foi devidamente apresentada. A matéria ainda abordou o custo estimado do financiamento do tratamento pelo SUS. No entanto, não foram apresentadas informações sobre seu fornecimento por meio de planos ou convênios de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foram relatadas alternativas à clozapina para o tratamento de pacientes com doença de Parkinson. Além disso, a matéria não discutiu as vantagens e desvantagens do uso da clozapina em relação a outras alternativas existentes no mercado.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos/danos do medicamento, tais como possíveis reações adversas, não foram abordados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Satisfatória
Os dados epidemiológicos e informações sobre o medicamento foram apresentados com a descrição da fonte. Não foram identificados potenciais conflitos de interesse nas informações apresentadas.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada está clara e objetiva. Além disso, as evidências científicas apresentadas estão coerentes com o foco da matéria.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados de estudos científicos publicados sobre a utilização da clozapina em pacientes com Parkinson. No entanto, a matéria registrou a recomendação do Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido (NICE), enfatizando os benefícios do medicamento no tratamento de sintomas psicóticos e ressaltou que a incorporação do produto foi definida pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Olhar Jornalístico

TÍTULO: Ao trazer a informação SUS no título já desperta a atenção do leitor, em especial aquele que depende do sistema.

INTERTÍTULO: Explica de forma resumida para que o remédio será ofertado

COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Agência Nacional de notícias, release CONITEC

DEFINIÇÃO: A reportagem explica de forma clara que o medicamento que foi criado para uma finalidade pode ajuda no tratamento de outra doença. Para esse embasamento em nenhum momento foram apresentadas evidencias científicas, pesquisas com pacientes. O embasamento para a tomada de decisão se valeu de consulta pública e posicionamento do Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica, do Reino Unido, que recomenda o uso do remédio para o tratamento de Parkinson. Também formam apresentadas explicações sobre as características da doença.

PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: Aparentemente, não houve indicação direta de publicidade e quando houve o jornalista apresentou posicionamentos contrários dando equilíbrio ao texto.

FONTES DE INFORMAÇÃO: Foram ouvidas as pessoas de interesse na decisão de novo uso do medicamento. Mas não foram ouvidos nem pacientes, nem médicos geriatras.

RECURSOS VISUAIS: sem recursos

CONCLUSÃO: A reportagem foi escrita de forma clara e de fácil compreensão, mas não trouxe muitos aspectos do contraditório.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/medicamentos1.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/medicamentos1.jpgMarina MorgadoMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria publicada no Estado de Minas apresenta a aprovação da Clozapina, um medicamento antipsicótico, para tratamento de pacientes com doença de Parkinson, por meio do SUS. O medicamento já é disponibilizado pelo SUS para outros agravos, tais como esquizofrenia e transtorno bipolar. Portanto, trata-se apenas de uma...A sua notícia revisada por especialistas