NOSSO RESUMO

A matéria publicada no Jornal Estado de Minas apresenta o Dabrafenibe, medicamento novo, registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), indicado para o tratamento de melanoma metastático. De acordo com dados apresentados, o Dabrafenibe, em associação com o Trametinibe – ainda não registrado no Brasil – apresenta maior eficácia na sobrevida livre de progressão da doença e melhora global dos pacientes. A fonte da publicação, no entanto, não foi citada. Os benefícios descritos para o medicamento não foram quantificados, assim como não houve descrição do comparador utilizado no estudo. Também não foram citados dados do uso do Dabrafenibe em monoterapia, seus potenciais riscos e custos do tratamento.
A qualidade das evidências apresentadas não pode ser adequadamente avaliada em função da escassez de dados.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O melanoma é um tipo de câncer de pele que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele). Embora o câncer de pele seja o mais frequente no Brasil, o melanoma representa apenas 3% das neoplasias malignas do órgão. Entretanto, é o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase, apresentando alta taxa de letalidade. Estima-se que em 2016 ocorreram 5.670 novos casos de melanoma no país (Instituto Nacional do Câncer – INCA)
O tratamento do melanoma depende do estadiamento da doença, podendo incluir: cirurgia, imunoterapia, terapia alvo, quimioterapia e radioterapia. Em geral, tumores detectados em fase inicial podem ser tratados eficazmente apenas com a cirurgia, mas em estágios mais avançados muitas vezes requerem outros tratamentos simultaneamente. Quando há metástase, o melanoma é incurável na maioria dos casos. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter então, como objetivo, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente (INCA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA). Nesse sentido, a disponibilização de alternativas terapêuticas custo-efetivas é extremamente relevante.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
O Dabrafenibe é um novo medicamento, recentemente registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para o tratamento do melanoma metastático. Ele atua na inibição do gene que leva ao crescimento acelerado das células tumorais.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Descreveu-se a indicação do Dabrafenibe para o tratamento do melanoma metastático. Foram apresentados adequadamente dados epidemiológicos que destacam a relevância do melanoma.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Os benefícios foram apresentados utilizando-se sobrevida livre da progressão da doença e “melhor resposta global” como desfechos. Contudo, estes benefícios referem-se à associação do Dabrafebine com o Trametinibe, não sendo descritos os benefícios das terapias isoladamente. Além disso, os dados não são claros, uma vez que não houve definição quantitativa em relação aos desfechos apresentados, bem como ao comparador utilizado. Por fim, o uso do termo “melhor resposta global” não possibilitou identificar se houve referência à sobrevida global ou à outra medida.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do medicamento, bem como os possíveis custos adicionais relacionados ao tratamento.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
Foi informado o registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entretanto, não foram apresentadas informações sobre o fornecimento pelo SUS ou pela iniciativa privada.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
A existência de opções terapêuticas alternativas não foi claramente definida, apesar da matéria citar a existência de outro medicamento disponível no Brasil com o mesmo mecanismo de ação que o Dabrafenibe. Foram apresentadas, como vantagem, a sobrevida livre de progressão da doença e melhora global, sem definições quantitativas e descrição do comparador. Não foram abordadas as desvantagens do medicamento ou sua indicação no âmbito das alternativas já disponibilizadas.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos ou danos do medicamento não foram apresentados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As referências aos dados epidemiológicos, bem como aos entrevistados, foram devidamente identificadas. Contudo, as fontes referentes aos estudos que demonstraram os benefícios citados não foram apresentadas. Não há conflito de interesse aparente, visto o uso de fontes independentes na construção do texto.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara e objetiva. Houve coerência entre o foco da matéria e as evidências apresentadas.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados suficientes que permitissem a avaliação adequada das evidências, tais como o tempo e tamanho da amostra dos estudos citados e suas respectivas fontes de publicação. Não foram discutidas as limitações do medicamento.

Olhar Jornalístico

TÍTULO: Técnicas novas para o tratamento de câncer de pele ganham espaço na imprensa e consequentemente atenção do leitor

INTERTÍTULO: Alerta para o potencial crescimento dos casos de câncer de pele no Brasil (projeção). Isso reforça o convite à leitura

COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: release da empresa que apresenta o novo medicamento , médicos dermatologistas ou Sociedade Brasileira de Dermatologia.

DEFINIÇÃO: A reportagem traz muitos termos técnicos, leitor precisa de bastante atenção e conhecimento de algumas nomenclaturas cientificas. No próprio título já diz que MELANOMA, subintendendo que o leitor compreenderá que é um câncer de pele. Basicamente a reportagem explica sobre o registro pela ANVISA de um novo medicamento indicado para tratar de casos mais graves do câncer de pele e que a associação deste novo medicamento com outro já existente, porém ainda não registrado no país, apresenta maiores chances de controle da doença.

PUBLICIDADE OU CONFLITO DE INTERESSE: Não é possível detectar conflitos de interesse ou publicidade.

FONTE DE INFORMAÇÃO: A fonte das informações sobre o novo medicamento não foi citada, assim como não foram apresentados dados mais específicos sobre a reações da droga quando usada desassociada (monoterapia) e nem efeitos ou reações adversas.

RECURSOS VISUAIS USADOS: Infográfico com informações sobre câncer de pele, tratamento, prevenção.

CONCLUSÃO: A linguagem do texto foi bem elitizada, uso demasiado de termos científicos não comuns para o leitor. No entanto, o uso de recursos visuais ajudou a trabalhar o texto com uma linguagem mais simples e didática.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/medicamentos2.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/07/medicamentos2.jpgNatália FreitasMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria publicada no Jornal Estado de Minas apresenta o Dabrafenibe, medicamento novo, registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), indicado para o tratamento de melanoma metastático. De acordo com dados apresentados, o Dabrafenibe, em associação com o Trametinibe – ainda não registrado no Brasil – apresenta...A sua notícia revisada por especialistas