NOSSO RESUMO

A matéria, publicada no Jornal Estado de Minas, apresentou estudo realizado com a Cloroquina, medicamento já utilizado para malária, que poderá ser disponibilizado como opção terapêutica para o Zika vírus. O intuito é minimizar os efeitos neurológicos da infecção. Testes preliminares realizados em laboratório, com neurosferas que são estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação, apontam uma redução entre 65% e 95% das células infectadas. Os especialistas destacaram a continuidade da pesquisa e a necessidade de se realizarem estudos em animais e humanos. Os potenciais riscos do uso da tecnologia, entretanto, não foram apresentados. Não foram abordados também os custos e outras opções terapêuticas. A disponibilidade no mercado brasileiro está implícita à informação da atual utilização do medicamento para malária. Foram apresentadas evidências científicas relativas ao andamento da pesquisa e aos resultados obtidos até o momento. Entretanto, o artigo cientifico com esses resultados ainda não foi publicado. Não foi possível avaliar a existência de conflitos de interesses.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O Zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti que foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. No período de 2007 a outubro de 2016, foi confirmada a transmissão vetorial do vírus Zika em 73 países e territórios no mundo, sendo 47 (64%) nas Américas. A população mundial exposta ao vírus Zika é de 1.357.605.792 pessoas, das quais 15,3% são brasileiros. Até outubro de 2016, 9.862 casos foram notificados no Brasil. Desses, 3.035 (31%) permanecem em investigação e 6.827 casos foram investigados e classificados, sendo 2.063 confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central, sugestivos de infecção congênita, ou seja, da mãe para o feto (Ministério da Saúde, 2016). As investigações sobre o tema continuam em andamento para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. A busca por opções terapêuticas para prevenção da infecção pelo vírus também tem envidado muitos esforços, tendo em vista o grande impacto sócio-econômico da epidemia de Microcefalia, comprovadamente relacionada à infecção pelo Zika virus.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Trata-se da investigação de um novo uso da Cloroquina, medicamento já utilizado para a malária, contra a infecção do Zika vírus. Estudos preliminares indicam que o medicamento é potencialmente capaz de reduzir a infecção pelo Zika.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Apresentou-se a indicação de uso da Cloroquina contra a infecção do Zika vírus. Entretanto, não foram apresentados dados epidemiológicos que justifiquem tal indicação.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Estudos realizados em laboratório demonstraram que a Cloroquina foi capaz de reduzir a infecção em células expostas ao Zika. Este foi o principal benefício apresentado até o momento, tendo sido destacada a continuidade da pesquisa em animais e humanos. Os resultados obtidos, no entanto, não foram traduzidos para o leitor em desfechos ( ou benefícios) relativos à doença.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do medicamento, bem como possíveis custos adicionais relacionados ao uso da tecnologia.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
A disponibilidade do medicamento no Brasil, embora não esteja claramente descrita no texto, está implícita, uma vez que é citada sua comercialização no país para a malária. Esta é, inclusive, uma das vantagens citadas para o produto. O fornecimento pelo Sistema Único de Saúde ou sua disponibilização pela iniciativa privada, no entanto, não foram discutidos na matéria.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
A existência de outras opções terapêuticas para infecção pelo Zika não foi relatada. Não foram abordadas as limitações do produto investigado, apenas seus potenciais benefícios e destacada a vantagem de se utilizar um produto já registrado no país.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos ou danos do medicamento não foram apresentados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As referências à pesquisa, bem como aos entrevistados, foram devidamente identificadas. Entretanto, não se pode afirmar que a matéria é isenta, visto que o autor utilizou fontes ligadas à pesquisa para construir seu texto. Além disto, não foi explicitada a inexistência de conflito de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
As informações fornecidas são fidedignas e a linguagem é clara e objetiva. As evidências apresentadas, embora ainda em estágio inicial de pesquisa, indicam que a Cloroquina poderá ser disponibilizada de maneira rápida para minimizar os efeitos provocados pela infecção do Zika vírus, caso se mostre eficaz e segura no decorrer dos estudos.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Apresentou-se estudo científico inédito e disponível na rede de compartilhamento bioRxiv, mas que ainda não foi revisado ou publicado. Os estudos atuais estão sendo realizados em laboratório, mas é citada a continuidade da pesquisa em animais e humanos. Não foram apresentadas as limitações para o avanço da pesquisa ou relacionadas às evidências disponíveis sobre o potencial uso do medicamento para a infecção por Zika.
Natália FreitasMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria, publicada no Jornal Estado de Minas, apresentou estudo realizado com a Cloroquina, medicamento já utilizado para malária, que poderá ser disponibilizado como opção terapêutica para o Zika vírus. O intuito é minimizar os efeitos neurológicos da infecção. Testes preliminares realizados em laboratório, com neurosferas que são...A sua notícia revisada por especialistas