NOSSO RESUMO

A matéria publicada no Jornal O Globo apresenta a possibilidade de incorporação da Profilaxia Pré-Exposição, no Sistema Único de Saúde (SUS), contra a contaminação por HIV, por meio da combinação dos medicamentos tenofovir e entricitabina. Segundo os dados apresentados, o método consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição ao vírus. A expectativa é que a profilaxia seja aprovada até o fim do ano e atenda inicialmente cerca de 10 mil pessoas com alto risco de infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e parceiros de soropositivos. Os custos do medicamento foram apresentados. No entanto, não foram mencionados os custos adicionais e a comparação de custo com outras alternativas de prevenção. Além disso, não há relatos sobre potenciais danos, riscos ou efeitos adversos decorrentes do seu uso, a partir dos estudos apresentados.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, o Brasil registrou 656.701 casos de Aids, de acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 2011, foram notificados 38.776 casos da doença e a taxa de incidência de Aids no Brasil foi de 20,2 casos por 100 mil habitantes. A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece a sexual. Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos ocorreram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical.
De acordo com a coordenação nacional de DST/AIDS, a prevalência do HIV na população jovem de 17 a 20 anos de idade passou de 0,09% para 0,12%, em cinco anos . O estudo também revelou que quanto menor a escolaridade, maior o percentual de infectados pelo vírus da Aids (prevalência de 0,17% entre os meninos com ensino fundamental incompleto e 0,10% entre os que têm ensino fundamental completo). Em função da letalidade, que ainda é cerca 12 mil pessoas por ano, a disponibilização de alternativas de prevenção e de tratamento tornam-se extremamente relevantes.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Não se trata de uma nova entidade química, uma vez que o produto já é amplamente comercializado nos Estados Unidos, Israel e África do Sul. Apresenta-se como uma alternativa para prevenção de novos casos de infecção por HIV, a partir de uma nova indicação de uso no Brasil. Essa nova indicação possibilitaria a prevenção de novos casos, evitando o crescimento do número de indivíduos que precisarão de tratamento contínuo. O medicamento tem potencial de fazer diferença na vida das pessoas, se seu efeito for cientificamente comprovado, especialmente para grupos de risco.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Foram apresentados os potenciais benefícios do medicamento de forma clara. Além disso, a matéria descreve dados epidemiológicos de incidência e o número de casos estimados no Brasil.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
A prevenção de infecção pelo HIV é apresentada claramente como o benefício a ser obtido pelo medicamento. Além disso, a matéria apresenta que o produto é o único método de proteção contra o vírus que não está vinculado à relação sexual. Todos os benefícios foram apresentados e referenciados a partir de um estudo realizado na França, em 2014.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Satisfatória
Os custos do medicamento são apresentados de forma comparativa a um genérico indiano. Além disso, a matéria destaca que o genérico pode custar até 74 vezes menos que o de referência no mercado. No entanto, não menciona os custos adicionais e não apresenta comparações de custo com outras alternativas de prevenção.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
A matéria esclarece que já está disponível no mercado um genérico indiano. São apresentadas informações sobre a possibilidade de fornecimento da combinação do Tenofovir e Entricitabina, pelo Ministério da Saúde, para prevenção ao vírus da AIDS antes da exposição. No entanto, não são apresentadas informações sobre fluxos de distribuição e como seria o fornecimento por meio dos planos de saúde e convênios.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Por não haver alternativa terapêutica ao medicamento no que tange à prevenção de infecção pelo HIV, a matéria foca nas vantagens do seu uso e reforça o fato de estar liberado para comercialização em outros países. Não se discute de forma comparativa com o uso de preservativo e como se enquadraria no âmbito das alternativas disponibilizadas.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Não há relatos sobre potenciais danos ou riscos, efeitos adversos ou prejuízos decorrentes do seu uso a partir de estudos e/ou relatos de utilização em outros países onde o medicamento já é comercializado.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As fontes utilizadas, que incluem órgãos regulatórios e instituições nacionais e internacionais, foram devidamente descritas. Além disso, a matéria utiliza como fonte de informação, um estudo apresentado pela Agência Nacional de Pesquisa em HIV, Aids e Hepatites Virais (ANRS) da França. Não é possível afirmar que as fontes utilizadas são totalmente independentes ou imparciais.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Há coerência entre o foco da matéria e as evidencias cientificas apresentadas. A linguagem da matéria é clara e objetiva.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Satisfatória
São apresentados alguns referenciais teóricos para corroborar com a justificativa de inclusão do medicamento para a prevenção de infecção por HIV no Brasil. No entanto, a matéria não aponta limitações e problemas decorrentes do uso desse medicamento nos locais em que já é comercializado.

Olhar Jornalístico

TÍTULO: Chamar a atenção do leitor para a possibilidade uma droga que poderá ser oferecida no SUS é a estratégia desse título. Ainda mais quando se trata de uma doença que por si só ganha o interesse do leitor.

INTERTÍTULO: Traz a expectativa de alcance de indivíduos que poderão ter acesso ao remédio, mas sem detalhamento de data para isso.

COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Anúncio realizado pelo Ministério da Saúde em evento internacional

FONTE DE INFORMAÇÃO: fontes nacionais e internacionais, pesquisadores e médicos infectologistas.

DEFINIÇÃO: O texto ressalta de forma clara a importância dos remédios preventivos contra AIDS e a necessite de oferecer a droga no SUS, o com preço acessível à população. Há explicação de forma clara sobre a droga, potenciais riscos e que ela é a única forma de prevenção que não está relacionado ao uso da camisinha na relação sexual.

PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: Não há indícios de conflitos de interesse

RECURSOS VISUAIS: Não foram usados recursos visuais como infográficos ou ilustrações.

CONCLUSÃO: Matéria tem linguagem clara e objetiva. Traz explicações gerais sobre a droga e a importância dela na prevenção da AIDS, mas não foram mencionados efeitos colaterais da droga.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/06/hiv.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/06/hiv.jpgMarina MorgadoMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria publicada no Jornal O Globo apresenta a possibilidade de incorporação da Profilaxia Pré-Exposição, no Sistema Único de Saúde (SUS), contra a contaminação por HIV, por meio da combinação dos medicamentos tenofovir e entricitabina. Segundo os dados apresentados, o método consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais...A sua notícia revisada por especialistas