NOSSO RESUMO

A matéria publicada no Estado de Minas descreve um novo tratamento cujo objetivo é conter a esclerose múltipla, uma quimioterapia potente. A quimioterapia tem por objetivo destruir o sistema imunológico antes de um transplante de células-tronco fabricadas pela medula óssea. Esse é o primeiro tratamento capaz de controlar a doença ou de promover uma recuperação neurológica, mas seus riscos limitam seu uso em grande escala. A matéria descreve um estudo científico que avaliou a utilização, as limitações e potenciais riscos relacionados à nova alternativa de tratamento. Apesar de apresentar os benefícios do novo tratamento, não foram abordados os custos do procedimento. Com relação aos potenciais riscos da nova terapia, destacou-se a possibilidade de complicações graves, com relato de morte de um paciente por complicações hepáticas e infecciosas causadas pela quimioterapia.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A esclerose múltipla é uma doença auto imune, mais frequente em mulheres com idade entre 20 e 40 anos de idade, caracterizada pelo acometimento do Sistema Nervoso Central (SNC), mais especificamente a substância branca, causando desmielinização e inflamação. É uma doença neurológica, crônica e multifatorial, cujos aspectos etiológicos ainda são desconhecidos. O número de pessoas que apresentam esclerose múltipla no mundo passa de 2,3 milhões. No Brasil, estima-se uma prevalência de 15 casos para cada 100.000 habitantes. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), atualmente 35 mil brasileiros são portadores da doença. O quadro clínico apresenta-se, na maior parte das vezes, por surtos ou ataques agudos, com sintomas variados: enfraquecimento muscular, transtornos do equilíbrio, da visão, da linguagem e paralisias, podendo entrar em remissão de forma espontânea ou com o uso de corticosteroides. Entretanto, a longo prazo estes transtornos podem progredir para uma condição irreversível. Desta forma, uma abordagem terapêutica eficaz, que impeça a progressão da doença, ainda é um importante desafio.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Trata-se de um novo método para tentar conter a esclerose múltipla utilizando quimioterapia potente. Segundo a matéria, a quimioterapia tem por objetivo destruir o sistema imunológico antes de um transplante de células-tronco produzidas pela medula óssea. A matéria destaca ainda que esse é o primeiro tratamento capaz de produzir este nível de controle da doença ou de recuperação neurológica, mas seus riscos limitam seu uso em grande escala.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
As indicações foram parcialmente descritas, pois apesar do tratamento ser indicado para pessoas com diagnóstico de esclerose múltipla, não há detalhes sobre em qual fase da doença e idade ela pode ser aplicada. Foram apresentados dados epidemiológicos que reforçam a importância do tratamento.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Os dados dos benefícios do novo tratamento foram descritos por meio da apresentação dos resultados de um estudo com 24 pacientes, que demonstrou a prevenção do desenvolvimento de lesões cerebrais e ausência de atividade nova da doença. A matéria ressaltou que as “vantagens potenciais” do tratamento devem ser ponderadas pelo risco de complicações graves.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os custos do novo tratamento não foram apresentados, possivelmente por não estar ainda disponível no mercado. Não foram abordados custos potenciais e custos das alternativas ao tratamento atualmente disponíveis.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Por se tratar de um tratamento novo, ainda com potenciais complicações graves, a matéria não apresenta informações sobre sua disponibilidade no mercado. Dessa forma, não é possível ainda ter informações sobre o financiamento no SUS e se será ou não disponibilizado no Brasil após finalização dos estudos clínicos.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
A única menção aos tratamentos atuais destaca que não há cura para esclerose múltipla e que os medicamentos disponiveis são utilizados para frear a progressão da doença. A matéria ressalta que a principal vantagem do novo tratamento é garantir um nível de controle da doença ou de recuperação neurológica.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
A matéria cita a possibilidade de ricos de complicações graves, no entanto, não quantifica e também não apresenta possíveis efeitos secundários menores. Há o relato de morte de um paciente por complicações hepáticas e infecciosas causadas pela quimioterapia.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As fontes utilizadas foram devidamente descritas. No entanto, com os dados apresentados, não é possível afirmar que as fontes utilizadas são totalmente independentes ou imparciais, não sendo possível afirmar que a matéria é isenta.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Há coerência entre o foco e as evidências científicas, uma vez que apresenta uma alternativa para um problema de saúde que afeta muitas pessoas no Brasil e no mundo. Além disso, a matéria apresenta linguagem clara e objetiva.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Satisfatória
A matéria traz dados de estudo científico realizado em pacientes ( n=24) com esclerose múltipla no Canadá. No entanto, não apresenta informações sobre o tempo de estudo e discute sobre o tamanho pequeno da amostra. A matéria traz ainda informações a respeito dos resultados encontrados e as limitações das evidências.

Olhar Jornalístico

TÍTULO: A esclerose múltipla é uma doença que desperta interesse. E, devido as limitações que provoca no paciente, notadamente conhecidas pela população, há maior chance de despertar a curiosidade ao leitor. Além disso, trazer já no título que o tratamento tem risco convida o leitor a descobrir o motivo.

INTERTÍTULO: Acompanhando o raciocínio do título, o intertítulo que vem na sequencia já traz o motivo do alto risco: uso de uma potente quimioterapia.

COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Na assinatura da reportagem fica claro que veio da AFP – Agence France-Presse, ou seja, agência internacional de notícia.

DEFINIÇÃO: Nesta reportagem a definição do que é esclerose múltipla foi oferecida ao leitor apenas após o primeiro parágrafo, com detalhes do tratamento. A credibilidade da informação é atribuída ao o estudo publicado na revista médica britânica The Lancet. A reportagem explica, também, de forma clara quais são os principais sintomas da doença, progressão, população afetada e tratamentos atuais. Relata-se que essa estratégia de oferecer quimioterapia para o tratamento da esclerose múltipla já havia sido adotada para pesquisas, mas de forma mais leve. Na ocasião, os resultados foram modestos. A reportagem traz informações sobre o estudo canadense, o perfil dos pacientes que foram submetidos ao tratamento com uso de quimioterapia mais severa (traz inclusive o perfil dos pacientes que deram início ao tratamento – isso é uma informação relevante para a compreensão do leitor -e os desdobramentos do estudo, ou seja, a evolução do quadro clínico dos doentes).

FONTE DE INFORMAÇÃO: Agence France-Presse, além de uma fala do coautor do estudo que traz vantagens e ponderações sobre o estudo.

PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: A reportagem tentou equilibrar as informações com pontos negativos e positivos do estudo, o que ajuda na formação de opinião, mas não é possível descartar de forma clara possíveis conflitos de interesse.

RECURSOS VISUAIS: Não foram usados.

CONCLUSÃO: A reportagem descreve de forma clara e objetivo ao leitor leigo como é a nova proposta de tratamento, bem como suas vantagens e desvantagens. O texto é de uma agencia internacional de notícias que buscou ouvir o coautor do estudo e outro especialista da área que pudessem avaliar o estudo. Também houve a preocupação de informar sobre as características da doença e formas de tratamento atuais.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/06/esclerose.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/06/esclerose.jpgMarina MorgadoProcedimentosNOSSO RESUMO A matéria publicada no Estado de Minas descreve um novo tratamento cujo objetivo é conter a esclerose múltipla, uma quimioterapia potente. A quimioterapia tem por objetivo destruir o sistema imunológico antes de um transplante de células-tronco fabricadas pela medula óssea. Esse é o primeiro tratamento capaz de controlar a doença...A sua notícia revisada por especialistas